terça-feira, 23 de dezembro de 2008

"Ela é louca e ele é idiota são pleonasmos"

Meu pai, Celso Sarraf, me ensinou essa frase... muito obrigada paizinho, não canso de repetí-la, ela me liberta de um monte de coisas.... Eu te amo muito, grande orgulho e privilégio ter nascido sua filha, apesar de terem sido só quase 22 anos por aqui, você é eterno dentro de mim.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Novo fim

"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim". Chico Xavier

Não sou espírita, nem ao menos simpatizo com o espiritismo, mas essa frase é tocante. Desde que a conheci confesso que me remeto a ela diversas vezes (agradeço a meu amigo Silvio César por tê-la me apresentado).

Depois de algumas experiências intensas, confesso que endureci, coloquei em risco perder a ternura, quase perdi a fé, amei mais os animais, me senti sozinha, desanimei, perdi o tesão, gastei mais dinheiro, parei de sonhar. Mas, graças a Deus, não me recalquei.

É muito triste ver mulheres lindas, inteligentes, generosas, mágicas e recalcadas. Que perdem tempo com inveja das amigas que vivem uma ilusão (seja ela profissional, familiar, romântica, não importa).

Eu cheguei a parar de sonhar! Como confessei alí em cima... mas continuei acreditando (quase perdi a fé) que os sonhos alimentam alguma coisa especial dentro de todo mundo, e essa coisa especial se transforma em energia de realização. Na minha fase sem sonhos, eu olhei pras minhas amigas "iludidas" e acreditei no amor delas, nos sonhos e compromissos delas, me alimentei deles, e me alimento ainda.

Então, caras amigas super modernas, super mulheres... somos fêmeas, esse "romance ingênuo" que tanto ofende "o mulherão furacão" equilibra o estrogênio e a progesterona presentes em nós. Vamos parar de pressionar as charlotes das nossas vidas para serem joanas darcs, porque a troca é real e bem vinda, equilibrando sutilmente a existência feminina.

Longa vida às amizades!

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Beatriz Milhazes.... simplesmente lindo

Crédito pela foto: Marco Antonio Simões (Bola), meu amigão

José

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio – e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocass
ea valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?

Carlos Drummond de Andrade