quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Uma Arte

Bishop, Elizabeth. O iceberg imaginário e outros poemas. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. p. 309
(Tradução de Paulo Henriques Britto)

A arte de perder não é nenhum mistério;
Tantas coisas contêm em si o acidente
De perdê-las, que perder não é nada sério.
Perca um pouquinho a cada dia.
Aceite, austero,
A chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Depois perca mais rápido, com mais critério:
Lugares, nomes, a escala subseqüente
Da viagem não feita. Nada disso é sério.
Perdi o relógio de mamãe.
Ah! E nem quero
Lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Perdi duas cidades lindas. E um império
Que era meu, dois rios, e mais um continente.
Tenho saudade deles. Mas não é nada sério.
- Mesmo perder você (a voz, o riso etéreo que eu amo) não muda nada. Pois é evidenteque a arte de perder não chega a ser mistério por muito que pareça (Escreve!) muito sério.

2 comentários:

N. Ferreira disse...

Adorei os versos Luli... apesar de serem somente os versos.
Ok, next.
Não é nada sério?

Luli disse...

Não deve ser sério.... faz parte da vida, o tempo todo...