quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Receita de felicidade


Euforia não é felicidade. Felicidade é mais profundo, confere relevância à existência, faz os fardos serem leves.

Os fardos são tudo o que a gente não gosta... no meu caso: relacionamento interpessoal, calor, dieta alimentar, atividades contábeis, atividades tecnológicas, manter aparências, burocracia, empresas de telecom, planos de saúde, dentro outros.

Agradecer ter condições de carregar os fardos, já faz com que o façamos com alegria, e alivia. Logo, o primeiro ingrediente da minha receita da felicidade é GRATIDÃO.

Da gratidão derivam outros elementos. Um deles, o servir. Servir é relacionado a humildade, quando servimos a outras pessoas, à sociedade, aos animais, ao planeta, especialmente, a quem é mais simples do que nós, honramos nossa reconhecida privilegiada posição de ser quem pode servir e não de quem precisa ser servido. Servir é a conversão de ação concreta e a recompensa é sempre imediata, a energia de gratidão que recebemos de quem recebe nosso serviço. O segundo ingrediente é SERVIR.

O terceiro é a HUMILDADE. Humildade para agradecer, humildade para servir, humildade para reconhecer e aceitar impotência, para manter a dignidade diante das perdas, humildade para se retirar sem brigar. Humildade precisa ser exercitada constantemente pois a soberba pode te cegar e derrubar a qualquer momento.

O quarto elemento é ATENDER AS NECESSIDADES FÍSICAS sono, higiene, alimentação, fisiologia, respiração. Esse quarto ingrediente é sobre auto-cuidado nesse plano, o qual não podemos esquecer nem negligenciar.

Observando esses quatro aspectos da vida não é difícil amar, doar, viver o sentido da palavra caridade. Cada vez que você tiver uma experiência real com o amor, você experimenta felicidade, se aproxima de você mesmo, se aproxima de Deus. A felicidade, essa a qual descrevo, deixa marcas. Marcas tão profundas que quando você descer ao inferno poderá recorrer a essas marcas para sentir o aliviar dos seus fardos.

Ouse servir, ouse agradecer, ouse ser humilde, ouse se cuidar.


quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Quando eu comecei na internet, isso aqui era só mato


Não tinha ninguém por aqui. Tinha eu e uns moleques caçando outras pessoas, uns cientistas e seus artigos acadêmicos e o MIRC, onde essa meia dúzia de moleques conversava em inglês com essa meia dúzia de cientistas do mundo inteiro. Quando a gente encontrava alguém brasileiro, ficava amigo. Normalmente, você já tinha falado com essa pessoa no video texto algum dia.

Aí começou o Altavista e o Cadê, depois a UOL e seu chat. Fiz vários amigos no chat, fui pro Rio de Janeiro no encontro da sala 2. A galera entrava quase todos os dias no mesmo horário pra bater papo. Ninguém pensava em pegação, embora eventualmente rolasse, nem em negócios ou empregos, embora também acontecesse. Era legal, era espontâneo.

Aí as empresas de tecnologia piraram e começaram a pagar salários milionários, inventar números, e teve a bolha da internet. Passou isso, começou a blogosfera.

Blogosfera era legal. Era todo mundo, as pessoas de verdade, fazendo seus blogs, sobre diferentes assuntos e conhecendo gente na internet porque pelos assuntos, a gente encontrava gente que tinha os mesmos interesses e podíamos compartilhar dicas e fazer amigos. Além disso, como os blogs eram em sua maioria pessoais e não sobre um tema específico, a gente aprendia uns com os outros. Eu, por exemplo, lia uma menina que postava de moda, de tarot, de literatura, de música... aí, eu descobria coisas que ela falava e que nunca tinham cruzado o meu caminho antes. Era enriquecedor.

Veio o orkut, foi o máximo. Foi o máximo encontrar amigos, era uma lista telefonica de gente na internet junto com os assuntos (as comunidades). Não tinha timeline, era a blogosfera melhor organizada, mas você tinha que ir atrás do que queria também. Fiz mais amigos, aprendi mais um monte de coisa.

No Orkut começou a deturpação: grandes empresas pagando donos de comunidades dos assuntos relacionados a eles. Mas logo veio Twitter e Facebook, mais livres. Eu vivi a livre comunicação entre as pessoas. Eu descobri as pessoas. E elas eram ótimas. Elas ensinavam o que sabiam, compartilhavam as informações, ajudavam as outras pessoas a falar o que precisava ser falado. Eu mandava um email para uma blogueira de variedades sobre os vira-latas, e ela me pedia mais informações, queria aprender comigo, publicava porque depois de aprender, entendia a relevância do assunto que eu propunha. Ela não ficava se achando, me esnobando por seu não ser conhecida e ela sim. Inclusive, eu mesma, tinha aprendido muito sobre proteção animal porque haviam inúmeras pessoas tentando ajudar os animais disseminando informação.

Não tinha ódio, não tinha donos da verdade, não tinha sonegação de informação, não tinha esnobação, não tinha delírio da carência querendo aparecer. Era uma galera COMPARTILHANDO, ensinando e aprendendo.

Eu senti muita esperança, eu acreditei que o mundo ia mudar, que eu viveria pra ver tudo dar certo. Infelizmente, as coisas na internet mudaram antes do mundo, as caixas de e-mails foram invadidas e por isso perderam sua eficácia, o Facebook abriu seu capital e depois de iludir as pessoas de que elas estavam conectadas com seus interesses, impediu que falássemos uns com os outros, a menos que pagássemos para eles. Agora, ainda pior, como todo modelo de empresa capitalista, promete que se pagarmos o que eles querem, eles permitirão que falemos com nosso público conquistado com nosso conteúdo que cedemos gratuitamente para eles, mas não entregam o que prometem.

O quarto poder, que é o da comunicação e havia sido rompido voltou para o controle dos grandes. Os grandes ensinaram as pessoas a se manifestarem com ódio, manipularam as massas com suas vaidades e inseguranças, fazem os carentes aparecerem para confundir e tumultuar, dão espaço para quem não tem nada para ofertar, retomaram o controle através do tumulto e não temos mais nenhum meio de falar gratuita e espontaneamente com quem efetivamente quer trocar idéias com a gente.

Não estou entregue ao pessimismo, mas sei que os passos que demos pra frente, foram só por um curto período de tempo, agora, tenho quebrado minha cabeça atrás de idéias do que fazer para retomar aquela coisa boa e cheia de conteúdo que tivemos... mas como faremos isso se o público só quer ver coisas engraçadas e preferencialmente só as figuras?

Entramos na era da pós informação onde a ignorância é a opção da maioria?

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