quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Afetividade e vínculos

Acho que amar é o verdadeiro encanto da vida. Se o amor for recíproco então, ele se mantém vivo e cresce. Se for unilateral, ele adormece. Se for violado onde o amado só se aproveita de quem ama, ele dolorosamente mingua.
Falo isso porque percebo o quanto amo e sou amada com quem troco: faço umas coisas por você daqui, você faz outras coisas por mim dalí, ou não faz nada, mas reconhece e recebe com carinho o que eu te ofertei, me dando o enorme prazer de me fazer sentir útil. Com o passar o tempo e experimentando as trocas, os vínculos se aprofundam, cada vez nos amaremos mais, construiremos nossa história e sentiremos a tranquilidade de estarmos presentes um pelo outro. Eu tenho isso com os cachorros. Tenho isso com minha família. Tenho isso com alguns amigos.
Sempre haverão decepções, não com os cachorros, mas entre as pessoas, os mal entendidos serão inevitáveis. As rejeições serão inevitáveis e os simples fechar de ciclos, onde o encanto não está mais presente, apesar do carinho existir, também serão inevitáveis. E é frustrante, porque amar é bom demais. A boa notícia é que é possível continuar amando depois de se despedir.
Amar apesar das diferenças, onde a gente aceita as limitações, os enganos, as vontades do outro, nos enriquece e faz sentir ainda mais vivos do que quando temos nossas próprias demandas atendidas.
Eu valorizo plenamente os vínculos, espero e me movimento para que eles sejam duradouros, sei que eles farão bem para minha saúde física, mental e espiritual.
Fico muito chateada quando vínculo é comparado e igualado a paixões ou servidão. Um match num tinder da vida, onde a galera dá uns 10 por dia não passa de diversão barata e eu valio mais do que isso. Quando tenho a felicidade de inspirar alguém a fazer alguma coisa, é um prazer mais significativo, mas ainda assim, é só um passo pra um vínculo, a afetividade se constrói em episódios de trocas sinceras em série.
O correto é nunca cobrar, nunca reclamar, nunca espernear porque alguém simplesmente não tem afetividade para oferecer e não sabe reconhecer e valorizar um vínculo. Mas, né? Como fazer isso se o ser humano tem necessidades emocionais que num momento de distração podem leva-lo a se precipitar? Eventualmente eu esperneio, queria aprender a não espernear, mas ainda sei que não domino essa arte.
De qualquer jeito, vida longa aos vínculos. Só peço a gentileza de me deixar em paz caso sua filosofia seja a da leveza que se encontra na frivolidade. Não é justo promover conexão comigo se você sabe que eu estarei aí pra você mas você não tem disposição para sequer considerar estar por mim.


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Internet, superficialidade, precipitação e arrogância

A internet informa, muito bem, aliás, eu mesma, direto, tiro dúvidas diversas online. Sobre culinária, saúde, filosofia, história.
O que está causando são pessoas sem profundidade se pautando completamente em ambiente digital, que não refletiram, que não olharam pra todos os lados de um conflito, que nunca estudaram filosofia para poder exercitar uma visão completa de forma justa, abraçando convicções e desmerecendo as dúvidas de quem pensa diferente delas. Não só as dúvidas, mas as experiências também. Essas pessoas normalmente se precipitam em atacar pedras nos seus "oponentes" e de forma arrogante param de ouvir ou ler.
É uma dinâmica tão estúpida que eu nem sequer sei por onde trabalhar para fortalecer o diálogo. Fico triste. E o vício em polarizar está tão forte e é prática tão disseminada online que toda vez que você vai dialogar com alguém, mesmo que presencialmente, será bem difícil se fazer ouvir. Até porque se o debate se aprofunda inevitavelmente alguém vai soltar um "Só vai te servir se eu concordar com você?" e não é nada disso, é apenas uma busca pela troca de forma desarmada, onde ninguém precisa mudar de opinião mas pode aprender a compreender o que o outro quer dizer. Simples assim.
Parece que a Era da Informação não está passando da Era dos Donos da Verdade.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

A combinação de desespero e amor reconhecida como talento

Eu estava lá... desesperada precisando pagar 3 cirurgias e um monte de medicamento de um cachorro de 40 quilos que eu não resgatei, que me pediram ajuda e orientação mas assim que sentiram que o cachorro estava seguro comigo, sumiram.

Peguei as canetinhas que estavam aqui em casa, que minha mãe ganhou e comecei a desenhar os cachorros do calendário Celebridade Vira-Lata 2015 e comecei a postar no facebook. Pra minha surpresa, uma galera começou a elogiar meus desenhos e a encomedar! E a pagar! E eu desenhei! E paguei todas as despesas do cachorro! E desenho até hoje!

Não é incrível?

Nesses desenhos sem técnica e com muito amor eu me divirto e resolvo problemas financeiros, minha eterna gratidão ao Astor que abriu essa porta pra mim.

Quer uma um desenho do amor do seu cachorro? Acesse O Bem Faz Bem e encomende o seu.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Picaretagem

É muito louco, mas as pessoas querem ser enganadas. Eu não sei se gostam de ser mesmo enganadas ou se gostam de ser cômodas e por isso compram o tempo todo a solução fácil vendida pela fada mágica.
Fada mágica não existe, o que existe é picareta. Tem tudo quanto é produto pra quem gosta de ser enganado.  Vende-se amor próprio, emagrecer sem sacrífico, o grande amor da sua vida, salvar os animais do mundo, salvar o mundo, ficar rico. Nego compra, ninguém entrega, mas está tudo certo.
Os picaretas se dão bem e quem fala em consciência, responsabilidade e trabalho, se lasca. Quem assume a impotência diante do caos, não vende.
A picaretagem é tão entranhada no mundo que 80% dos picaretas imaginam que são íntegros e entregam o que vendem.
Quem se dedica com seriedade e dá o seu máximo pra realizar algo, raramente lança seus projetos porque não quer falhar e acaba servindo os picaretas.
Como encorajar todo mundo que eu conheço que fica se escondendo num grupo, puxando o saco de um sistema a implementar suas nobres idéias? Enquanto quem tiver vergonha na cara e responsabilidade ficar tímido os picaretas e a cultura de idolatria superficial ganharão força.