A aula estava tão interessante que num dos cadernos tinha uma foda mal dada desenhada (tinha até o fiofó do homem ilustrado na peça) acrescida do desenho de uma pistola de um lado do papel e de outra pistola apontada pra cabeça de uma pessoa do outro. Tinha uma aranha no centro. A simples apreciação estética do desenho amador feito a caneta Bic no caderno pautado dizia muito sobre o que acontecia na sala e que o desenhista estava realmente muito entretido.
Um check list do que pode e o que não pode, o que deve e o que não deve ser feito nos textos era apresentado sem domínio técnico. Os professores usam a palavra "tautologia", "pleonasmo" e "redundância" e ao serem perguntados sobre os significados das figuras de linguagem, uma vez que detectar a diferença não é tarefa simples, titubearam. Boa parte da sala nunca havia ouvido falar a palavra tautologia... eles passaram um video de stand up comedy para dispersar, era mesmo um plano B pra esse tipo de situação.
Para completar, todas as "regras" impostas eram violadas na apresentação proposta. Falavam em dar credibilidade para seu texto quando você o escrever. Qual credibilidade uma pessoa lúcida dá para conselhos violados sem querer por quem os proferiu?
Salvou uma coisa, que, aliás, vem sendo repetida sucessivas vezes: O que interessa? O que quer falar? Como vai contar? Nesse texto que voz fala, por exemplo: interessa o desenho da foda mal dada. Quer falar que para dar aula é básico se preparar consistentemente, pois a platéia percebe imperícia como cachorro percebe medo. Contou passo a passo a sequencia de ações.
Diálogo Número 1
Há 5 anos
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