quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Exercício de escrita

De verdade, a decisão em 2010 ou 2009, nem lembro, de abrir o blog era só pra isso: exercitar a habilidade de se comunicar. Agora, minha necessidade mudou e o que preciso é de habilidade de contar histórias.

Frequento uma oficina de redação então decidi chegar da aula e contar o que aconteceu lá. Como já tivemos dois encontros, no post de hoje vou contar as duas aulas numa tomada só.

Na terça-feira, o professor que nitidamente é super qualificado, se mostrou um pouco inseguro, estava tateando o público e sacando as expectativas. Nos deu diversos insights, o meu preferido: Escrever tem que ser uma seqüência de ações. Então, quando você entende o que acontece ao seu redor, pode começar a contar a história exercitando a escrita. Se quiser incluir como se sente diante do episódio, vá em frente e tente fazer com que o leitor viva o que você vive.

Tudo ótimo, só que, como ele realmente estava titubeante tentado sacar o público uma "tia mala" começou a bater papo com ele atrapalhando a aula com comentários irrelevantes e isso incomodou bem. Nesse momento da aula, eu comecei a observar os colegas e reparar nas atitudes que expressavam tédio: uma desenhava sua mão no bloco de anotações, outra girava o lápis, outro rabiscava no canto da folha, outro mexia no celular, outra equilibrava o lápis entre a boca e o nariz fazendo beiço. A idéia do diário da aula pro exercício surgiu nesse momento e logo depois a aula acabou, meio no limbo, graças a tia mala.

Hoje, quando voltei, estava ressabiada com o espaço que a tia mala havia ganhado na terça, matutei sobre como pedir diretamente ao professor para controlar esse tipo de coisa, afinal, quem eu quero cativar, eu opto por arriscar e ser honesta. Puxação de saco cai bem quando quero me livrar de alguém.

Levei meus preciosos calendários pra presenteá-lo, pois ele é um editor e jornalista influente e poderia me ajudar na divulgação desse assunto tão importante. Eu estava sentada numa das poltronas do lounge do café, na recepção, junto com minha irmã um senhor tomando seu líquido negro do imperialismo yankee (vulgo, coca-cola, a dele era light), os calendários em cima da mesa central e eu louca pra falar com o tal senhor, mas me segurando. Chegou um amigo e já perguntou dos calendários, eu falei, o senhor me pergunta "é de ONG?" eu nem escondi minha euforia sobre a abordagem dele: "Estava esperando a deixa pra poder te falar disso", conclusão, dois calendários vendidos e subi pra aula apenas com as versões de parede. Presentei o professor e solicitei uma atenção especial sobre o meu tema, se possível, se ele pode me ajudar com divulgação.

E começa a aula. Hoje, o professor estava atento às malices vindas de alunos (eu tenho consciência de que não me excluo do grupo mala, acredito que malice seja intríseco ao ser humano), já controlava bem melhor o ritmo.

O conteúdo linkou demais o que eu já estudei na oficina de roteiro e venho sendo orientada pelo meu mestre amado: ESCALETA. Mostrou um poema do Fernando Pessoa, contou sobre uma entrevista que não foi publicada na ocasião, mas só após a morte do entrevistado, falou do livro, na minha opinião o melhor de todos os tempos, "Cem Anos de Solidão" que um aluno definiu brilhantemente como "Mil e uma noites das relações familiares" e mostrou como a primeira linha de livros brilhantes contam o livro todo. Depois, concluiu com a proposta de escolhermos o livro que mais gostamos e traduzirmos o que é mais importante, a idéia central. Eu ia falar do Cem Anos de Solidão, mas decidi mudar pro Gênesis. O Gênesis é um livro espetacular como Cem Anos de Solidão mas com menos recursos visuais, mas ele expressa angústias, alegrias, capacidades, moral, inúmeros aspectos das emoções e raciocínio humano. Vou de Gênesis porque ele não foi escrito pra ser poesia, mas pra apresentar o ser humano pra ele mesmo. Romper preconceitos logo de cara.

Saímos da aula e minha irmã falou: faz isso que você falou. Escreva contando o que foi que aconteceu na aula. Saia dos seus 140 caracteres do twitter que você já pratica, agora exercite o diferente.

Chequei em casa, sentei no computador, e esse é o texto. Pode ser que amanhã quando eu for reler, eu o odeie e me sinta uma incompetente incurável, já estou consciente dessa possibilidade e me perdoei de antemão, porque a coragem de tentar me justifica.

2 comentários:

Anônimo disse...

queria fazer um comentário mais elaborado mas minha mente parou de processar o seu texto ao ler "Cem Anos de Solidão". É a quinta vez que vejo uma referencia a este livro em 2 dias...

Celebridade Vira-lata disse...

Mauri, vc já leu? eu sou apaixonada por esse livro <3 Dá pra ler durante 100 anos repetidas vezes que vc não fica sozinho :)